segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

É DIFÍCIL ACREDITAR
QUE OTÁVIO MAIA MORREU



Acrósticos Otávio Maia

Ofereço à minha gente
Todos poemas que fiz,
Agradeço fielmente
Viver e sorrir feliz.
Irei mostrar meu valor,
O troféu de um escritor
Mais cedo ou mais tarde vem.
Acreditei no que faço,
Indiferente ao fracasso,
Acho que fiz muito bem.

 *****
Os tempos estão mudados,
Temos que compreender;
Às vezes somos culpados
Vendo e fingindo não ver.
Ilusões nós todos temos,
Os erros que cometemos
Mostram nossa imperfeição.
Agindo com otimismo,
Indo embora o pessimismo
As esperanças virão.

*****
Obras de literatura
Talvez eu não tenho lido,
Andei desapercebido
Visto não ter estrutura,
Ignorando a cultura,
Olhando outras fantasias,
Mundanas filosofias,
Atrações sem romantismo,
Inspirações sem lirismo,
Assim perdi muitos dias.

Otávio Maia


domingo, 16 de janeiro de 2011

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA


Eu visitei o Museu da Língua Portuguesa que fica na Estação da Luz no centro de São Paulo.
É um verdadeiro show de história, cultura e tecnologia. Vale a pena conhecer.
Está em exposição:

 
Fernando Pessoa, plural como o universo 
Periodo: de 24/08/2010 a 30/01/2011

Folheando um dos diversos livros do bardo português encontrei estas duas glosas das quais gostei muito:

Mote: UM ADEUS À DESPEDIDA

Glosa:

Quem nunca se despediu
Pode julgar-se feliz,
A pessoa que assim diz
É porque sempre sorriu.
Mas se outra dor a feriu -
A da morte desvalida
Que deixa maior ferida
De saudade e de amargura
Maior do que essa tortura -
UM ADEUS À DESPEDIDA.

Abril, 1902

Mote: NÃO POSSO VIVER ASSIM

Glosa:

Mina-me o peito a saudade.
Haverá maior tormento,
Ou um veneno mais lento
Que turva a felicidade,
Que vence a própria vontade,
Que quase nos mata enfim?
Este que me fere a mim
Foi causado pela sorte,
Foi cavado pela morte...
NÃO POSSO VIVER ASSIM.

27/04/1902

Fernando Pessoa







domingo, 2 de janeiro de 2011

Saltei mais de mil cancelas
Na estrada dos desenganos

Contei mais de mil palhoças,
Pequenas, pobres, singelas,
Passei por mais de mil roças,
SALTEI MAIS DE MIL CANCELAS,
Dormi em mais de mil redes,
Saciei mais de mil sedes,
Desmanchei mais de mil planos,
Fiz mais de mil amizades,
Deixei mais de mil saudades,
NA ESTRADA DOS DESENGANOS.

Passei por mais de mil cruzes,
Acendi mais de mil velas,
Divisei mais de mil luzes,
SALTEI MAIS DE MIL CANCELAS,
Mais de mil vezes chorei,
E o pranto que derramei
Valeu por mais de mil anos...
Desfiz mil sonhos queridos,
Soltei mais de mil gemidos
NA ESTRADA DOS DESENGANOS.

Ganhei mil cabelos brancos,
Fiz mais de mil sentinelas,
Venci mais de mil barrancos,
SALTEI MAIS DE MIL CANCELAS,
Escutei mil passarinhos,
Pisei mais de mil espinhos,
Padeci por mil ciganos,
Ganhei mais NÃO do que SIM,
Deixei mil partes de mim
NA ESTRADA DOS DESENGANOS.

Dedé Monteiro