terça-feira, 30 de agosto de 2011

REVENDO MINHA TERRA


Eu vim matar a saudade
Do lugar que eu me criei.
Rever família e amigos
Que por aqui eu deixei,
Escutar os passarinhos,
Andar nos mesmos caminhos
Que na infância eu andei.

Por aqui eu ficarei
Pouco mais que vinte dias.
Quero aproveitar bastante,
Renovar as energias
Porque logo irei voltar
Pra novamente enfrentar
São Paulo das "correrias".

Hélio Leite - Jatiúca/PE, Agosto 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MAIS UMA ANTOLOGIA

Esta é a mais nova antologia que participo
Serra Talhada - PE, 2011

(Clique na imagem para ampliá-la)


sábado, 20 de agosto de 2011

SONETO

DORES

Das dores sentidas a que mais dói
Não é dor sentida fisicamente,
Ela não se mostra aparentemente,
É a dor que por dentro nos destrói.

Ela machuca, maltrata, corrói
O nosso interior intensamente,
E quando se aloja dentro da gente,
Uma ferida incurável constrói.

É a dor do desprezo, decepção,
A dor da perda e do não conquistado,
Dor da saudade, da desilusão.

A dor de um ideal desmoronado,
A dor do fracasso, da solidão...
Essas dores me deixam transtornado.


            Hélio Leite - Jatiúca, 15/09/99

terça-feira, 9 de agosto de 2011

MEU DESEJO


Meu desejo? era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta....

Meu desejo? era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra....
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra....

Meu desejo? era ser o cortinado
Que não conta os mistérios do teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.

Meu desejo? era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escomilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!

Meu desejo? era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....

Meu desejo? era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de langor! 

Álvares de Azevedo

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira
Teresópolis, 1912

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

CASA VELHA


CASA VELHA

Esta velha casa que está fechada,
De saudade e tristeza, hoje chora
Pela falta daqueles em que outrora
Foi para eles a querida morada.

Por meus avós paternos foi zelada
Mas, pra não voltar mais, foram embora.
Por esse motivo se encontra agora
Sozinha, sem ninguém, abandonada.

Pelos anos ela vem fracassando,
Não é mais como foi antigamente,
Igual ao seu dono está se acabando.

Pelo desprezo e o tempo está assim
Tão feia, tão suja, tão diferente...
Culpado é o tempo por tudo ter fim.

                            Hélio Leite - Jatiúca, 02/11/99