Poesias



MINHAS INSPIRAÇÕES

Sem eu menos esperar
Chegam sem nunca avisar
Com diversas intenções,
Recebo-as com muito apreço
E com prazer obedeço
Às Minhas Inspirações.

E quando estão ao meu lado
Me falam sobre o passado,
Meus segredos e paixões,
Por mais que me martirizem,
Vou anotando o que dizem
As Minhas Inspirações.

São pra mim fundamentais,
São as peças principais
Das minhas composições,
De que forma eu poderia
Fazer esta poesia
Sem Minhas Inspirações?

Quando afastam-se de mim
Fico triste, pois assim
Perco minhas direções,
Sinto um desejo profundo
De não ficar um segundo
Sem Minhas Inspirações

Segui caminhos dispersos
Colhendo estes simples versos
E sobre temas diversos
Dei minhas opiniões,
Porém meu caro leitor
Queira lê-las, por favor,
Para ver se têm valor
As Minhas Inspirações!

POR QUE FINGIR?

Se não me amas, por que olhas deste jeito?
Por que chamas tanto minha atenção?
Por que alimentas a minha ilusão?
Não faças isto, não te dei o direito.

Não fiques fingindo, pois não aceito
Que machuques este meu coração
E saibas que é enorme ingratidão
Tudo isto que tu já me tens feito.

Teu olhar fala, como que me chamas
Porém aos teus desejos tu te prendes
E negas pra ti mesma que me amas.

Eu queria saber qual o segredo
Que a mim não te entregas, e não aprendes
A deixar de uma vez, este teu medo.

SONETO SEM ASSUNTO

Este soneto estou iniciando,
Pensando bem, eu já iniciei.
Portanto, assim eu vou continuando
Exatamente como imaginei.

A segunda estrofe estou preparando
Pois da mesma também precisarei,
Eu sei que o leitor não está gostando,
Mas foi neste assunto que me inspirei.

Este é o nono verso elaborado,
O décimo já está anotado
E é desta forma que prosseguirei.

Começo aqui o segundo terceto
Para poder terminar o soneto,
Pronto, era só isso, já terminei!

SAUDADES DE VOCÊ

Estou aqui sozinho, tão distante,
E a cada instante lembro de você.
Os meus dias passam tão lentamente,
Estou carente, preciso lhe ver.

Já é alta noite, estou acordado,
Acorrentado pela solidão.
O sono não vem, sua falta aumenta,
Tristonho lamenta meu coração.

Fico olhando a vastidão da cidade
Na ansiedade de poder voltar.
Longe de você tudo é tão sem graça...
Minha vida passa só por passar.

De sentir a sua doce presença
Oh, como é imensa a minha vontade!
Eu não esqueço o seu sorriso lindo
Pois estou sentindo muita saudade...!

POETA APAIXONADO

Vivo sempre a procurar
Alguém que me tenha amor,
Que possa me dar valor,
Que me queira como "par".
Enquanto eu não encontrar
Vou seguindo o meu caminho,
Sem amor e sem carinho,
Com a solidão ao lado.
Sou poeta apaixonado
Vivendo muito sozinho.

Eu não consigo entender
Porque tanta rejeição.
Em vez de "Sim"ouço "Não",
Fazendo-me entristecer.
Nesse meu grande sofrer
Eu me sinto um passarinho
Que foi tirado do ninho
E na gaiola trancado.
Sou poeta apaixonado
Vivendo muito sozinho.

PERNAMBUCO É CEARÁ?

Alguém perguntou pra mim:
Você é de qual estado?
Eu lhe respondi assim:
Pernambuco, berço amado.
(Quis saber um pouco mais)
E quanto tempo já faz
Que você veio pra cá?
Cinco anos. Foi o que eu disse.
Indagou-me esta burrice:
Pernambuco é Ceará?

Pernambuco é Pernambuco,
Ceará é Ceará, pois não;
Situados no nordeste
E tanto orgulho me dão.
Sempre foram dois estados,
Viveram sempre "colados",
Mas um só jamais serão!

MESTRE PATATIVA

Viveu noventa e três anos,
Foi defensor dos menores,
Tinha gestos soberanos,
Lutou por dias melhores,
Clamou justiça, igualdade,
União e liberdade,
Foi mensageiro da fé,
Teve a missão de um profeta...
Eu me refiro ao poeta
PATATIVA DO ASSARÉ.

Em nenhum momento quis
Riqueza material.
Mesmo assim viveu feliz...
Foi trabalhador rural.
A poesia lhe deu glória
E na sua trajetória
Foi aplaudido de pé!
Deixou uma obra seleta...
Eu me refiro ao poeta
PATATIVA DO ASSARÉ.

QUERO E NÃO QUERO

Quero aquilo que preciso:
O teu olhar, teu sorriso,
Tua mansa companhia;
Quero a solidão distante,
Alegria e paz constante
No lugar da nostalgia.

Não quero ver sobre a terra,
A fome, tampouco a guerra,
Destruindo a humanidade;
Quero ver entre os humanos
A construção de seus planos
Com união e igualdade.

Não quero que a natureza
Perca tamanha beleza
E sua fertilidade;
Quero vê-la preservada
E que seja cultivada
Com responsabilidade.

Quero que o analfabetismo
Caia dentro de um abismo
Pra nunca mais retornar,
Quero ver a educação
Invadir cada nação
Progredindo sem parar...

Não quero que adolescentes
Usem os entorpecentes
Pra tornarem-se infratores,
Quero vê-los educados
E sendo bem amparados
Sempre pelos genitores.

Quero que o trabalhador
Possa ter o seu valor,
E melhores condições,
Sem viver subordinado
E que não seja tratado
Com tantas humilhações.

Eu me sinto entristecido
Vendo o mundo pervertido,
Tão cheio de lero-lero,
Porém mudá-lo é possível…
E aqui eu deixei visível
Coisas que quero e não quero!

A CAMPANHA ELEITORAL

Os letreiros e retratos
Vemos por todos os cantos.
É hora dos candidatos
Demonstrarem que são santos.
Já começou a folia
E não descansa um só dia
"Esse alegre pessoal"
Mentindo de mais a mais.
Tudo isso são os sinais
Da campanha eleitoral.

Vive sempre desprezado
O tão carente eleitor.
De repente esse coitado
Começa criar valor.
Com muita dedicação
Tratam esse cidadão
Com carinho especial,
Ele se torna importante,
É pena que só durante
A campanha eleitoral.

Tem gente que não se toca
E faz coisa muito feia:
Dá o seu "votinho" em troca
De uma carrada de areia,
De um saquinho de cimento,
Ou até mesmo de um cento
De bloco, um saco de cal
E outras coisas tão pequenas.
Vemos todas essas cenas
Na campanha eleitoral.

POR CAUSA DELA

Bebi, criei confusão,
Fiz coisas de fazer dó,
Virei mesas, quebrei copos,
Acabei com o forró
E alguém para me enfrentar
Eu não encontrei um só.

"Em pingo d'agua dei nó",
A polícia me cercou,
Puxei a arma, atirei,
A mesma então recuou,
Não me entreguei, nem corri
E "soltinho" aqui estou.

Homem valente não sou,
Foi o efeito da "cana",
Foi o desprezo cruel
Daquela pernambucana
Que me fizeram tomar
Atitude tão insana.

E nesta mesma semana
Eu, de novo, estou na praça,
Armado, causando medo
E bebendo mais cachaça,
Desejando algum insulto
Pra fazer uma desgraça.

Quanto mais o tempo passa
Cresce minha solidão.
Ela não quer me aceitar,
Nem de mim tem compaixão.
Eu parei para pensar,
Tomei esta decisão:
É melhor eu me aquietar,
Pois se assim continuar
Eu morrerei só, e em vão.

DEBAIXO DE UMA LATADA

Estou vivendo distante
Do sertão onde eu nasci,
Mas relembro cada instante
De tudo que lá vivi.
Tempo ruim não havia.
Pra qualquer lugar eu ia
Procurando algum xodó.
Pronto pra qualquer parada,
Debaixo de uma latada
Eu dancei muito forró.

Gostava de beber pinga,
Fui vaqueiro respeitado,
Corri muito na caatinga,
Derrubei touro afamado,
Fiz cercado, broquei mato...
Jamais eu quebrava um trato,
"Não dava ponto sem nó",
Não tinha medo de nada...
Debaixo de uma latada
Eu dancei muito forró.

Foram tantos bons momentos
Que passei no meu sertão!
Nas festas de casamentos,
Nas noites de São João.
Co'uma cabocla de lado,
Dava conta do recado,
Do chão levantava pó,
Até alta madrugada!
Debaixo de uma latada
Eu dancei muito forró.

Hoje está bem diferente
O meu modo de viver.
O que faço atualmente
Não me dá nenhum prazer.
Aqui na grande cidade,
Do sertão sinto saudade
E sofro de fazer dó.
Vou botar o pé na estrada...
Debaixo de uma latada
Quero dançar mais forró!

SERÁ VERDADE?

Talvez no nordeste viva
O povo que mais cultiva
A tradição popular.
Será que é verdade ou não?
Ou será superstição
O que agora vou contar?

Os mais velhos sempre ditam,
Os mais novos acreditam
Com certo espanto e receio.
Mas como pouco conhecem,
Não discutem, obedecem,
Temendo grande aperreio.

Eu também acreditei
Em coisas que eu escutei
Que hoje, ao revê-las, ri.
Para o leitor entender
Vou agora descrever
Algumas delas aqui:

Terá a fome canina
Quem o galo de campina
Sem ter dó o mata e come,
Pois quem assim proceder
Dia e noite vai comer
E não matará a fome.

E quem cair na besteira
Em plena segunda feira
For sua broca queimar
Mesmo tendo o mato farto
O fogo só queima um quarto
Terá que encoivarar.

Como se fosse castigo
Que aconteceu comigo
Ouvi muito alguém dizer:
Você nunca disso esqueça
Urupemba na cabeça
Nunca mais irá crescer!

Se um sujeito defecar
E com raiva alguém botar
Cinza quente no excremento
Quem defecou tá lascado
Com o traseiro queimado
Vai ser grande o sofrimento.

Só basta pronunciar
Quem quiser bastante azar
E viver pra sempre fraco,
O nome de dois bichinhos
Que são até bonitinhos
Que são raposa e macaco.

Seus planos serão perdidos
Se seus pés forem varridos
Pode ser moça ou rapaz.
E nem mesmo Santo Antônio
Lhes arranja matrimônio
Nenhum desses casa mais.

Se a terra tiver molhada
E ficar a meninada
Alegre a rodar pião
Bem pouco tempo demora
O inverno vai embora
A chuva não vem mais não.

Se alguém sem camisa dorme
Se expõe a um perigo enorme
É imenso o desmantelo
Está com o corpo aberto
Maus espíritos por certo
Vêm causar-lhe um pesadelo.

O caçador que zombar
E fumo nunca levar
Pra tão temida caipora,
Se perde até nas estradas,
Debaixo de cipoadas
Os cachorros vão embora.

Numa pedra de amolar
O cabra que se sentar,
Por um descuido qualquer,
A sorte está arruinada:
Pode até o camarada
Não gostar mais de mulher...

Esses mitos populares
Há em diversos lugares
E a quantidade é imensa.
Ou verdadeiros ou não
Não há uma só visão,
Cada um com a sua crença!

DITADO POPULAR

É preciso estar atento
Ao tomar a decisão
Para evitar frustração
Ou grande arrependimento.
Me refiro ao casamento
Que é um “sonho encantado”
Já diz um velho ditado
Explicando direitinho:
“É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado”.

Eu concordo plenamente
Pois a minha companheira
Me trata de tal maneira
Que me deixa tristemente,
Estou vivendo carente
E também desanimado,
Para que viver ao lado
De quem não me dar carinho?
“É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado”.

Ela não me dar valor,
Não reconhece o que faço,
Não respeita o meu espaço,
Não sabe o que é amor...
Cansei de ser sofredor,
Chega de ser maltratado,
Cansei de sofrer calado,
Chega de ser tão bonzinho,
“É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado”.

No dia que eu arrumar
As malas e for embora
Sairei de porta afora
Pra nunca mais voltar.
“Não adianta chorar
Pelo leite derramado”.
Tudo estará terminado,
Cada um no seu caminho...
“É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado”.

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