quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CHORA, POETA

Eu chorava todo dia,
Meu desgosto era profundo.
Parecia que em meu mundo
Nada de bom existia.
Nesta hora de agonia
Algo me causou espanto.
Uma voz de acalanto
Soou nos ouvidos meus:
“Chora, poeta, que Deus
Enxugará o teu pranto.”


Hélio Leite - 2009

domingo, 25 de setembro de 2011

EU SOU ALGUÉM QUE LHE AMA

Se nós vivêssemos juntos
Compartilhando os assuntos,
A mesa, o sofá, a cama...
Seria a minha riqueza.
Eu lhe digo com certeza:
Eu sou alguém que lhe ama.

Eu sou alguém que lhe ama
No meu peito há uma chama
Que nunca vai apagar.
Eu sei que sou seu amigo
Mas vivo a sonhar contigo
Dia e noite sem parar.

Dia e noite sem parar
Procuro me aproximar
De você cada vez mais,
Pois tendo você por perto
De uma coisa estou certo:
Me sinto feliz demais.

Me sinto feliz demais
Por saber que fui capaz
De conquistar um cantinho
Dentro do seu coração,
Por ter a sua atenção,
O seu respeito e carinho.

O seu respeito e carinho
Sempre deixa o meu caminho
Risonho e iluminado,
Mas quando você se ausenta
A saudade me atormenta,
Eu fico desanimado.

Eu fico desanimado
Por não viver ao seu lado
E o meu coração reclama.
Eu sei que sou seu amigo
Mas vivo a sonhar contigo
Pois sou alguém que lhe ama.

Hélio Leite - 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

DESÂNIMO

Sem rumo, sem planos, sozinho,
Desanimado com a minha vida,
Sem saber procurar uma saída,
Perdido no meio do caminho.

No meu coração, imensa ferida...
Busquei a flor, encontrei o espinho,
Sou qual pássaro que perdeu o ninho,
Sinto minh’alma tão desiludida!

Eu não sei o que é felicidade,
Me sinto inútil, sem capacidade,
Não sei pra onde é que estou indo.

Cheios de sonhos eu já fui um dia,
Mas acabou minha fantasia
E muito infeliz estou me sentindo!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A RECEITA MÉDICA

(poema matuto)

Dotô eu vortei aqui
Pra vosmicê traduzi
Tudo qui aqui iscreveu,
Pois inté quem sabe lê
Num consiguiu intendê
E o papé me devorveu.

Ocê é intiligente,
Tira coração de gente,
Bota ôtro, faz batê,
Mai eu vô li preguntá:
Cuma pôde se foimá
Sem aprendê iscrevê?

Riscô essa garranchera,
Saí logo nas carrera
Pra meu remeido ir comprá,
O farmacero ispiô,
Munto tempo arreparô
E num sôbe dicifrá.

Quando pegô a receita
Dixe: - que coisa má feita,
Intendê num tem quem possa!
Isso aqui é comparado
Cuns garranchos ispaiado
Quando a gente faz a roça!

Nunca istudei, num sei lê,
Tombém num sei iscrevê, 
Má eu falo meu indioma,
São essas as minhas faia
E ocê merece gangaia
No lugá do seu diproma.

Me diga pru gentileza
Pru que é essa safadeza
De iscrevê só desse jeito?
Fique sabeno o sinhô,
Se eu pudesse sê dotô
Eu num tinha esse defeito.

O qui adianta aprendê
Mode dispois num fazê
Do jeito cuma aprendeu?
Pois eu li digo a verdade,
Sua força de vontade
De forma arguma valeu.

Se o dotô sabe iscrevê,
Iscreva qui dê pra lê,
Mostre qui é bem istudado,
Fique o dotô conheceno:
Só faz um erro sabeno
Quem já qué fazê errado!

Hélio Leite - Jatiúca, 27/07/00

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DEIXANDO MINHA TERRA


"O que é bom dura pouco"
Diz um dito popular.
Já estou me despedindo
Do meu querido lugar,
Irei partir sem vontade
Levando muita saudade
Pois meu desejo é ficar.

Hélio Leite - Jatiúca, 16/09/11