sábado, 30 de julho de 2011

O PÉ DE OITI


O PÉ DE OITI

Nenhum ser humano sabe tua idade.
Tu és tão velho quanto resistente.
Enfrentaste o tempo, a seca ardente
E também a fúria da tempestade.

Somente Deus pra dizer a verdade
Quando foi germinada tua semente.
Ou se tu falasses dirias à gente
O que já viste desde a mocidade.

Bem mais de um século tens com certeza.
És um monumento que a natureza
Deu de presente pra meu lugarejo.

Que Deus te dê mais séculos de vida,
Que o homem te preserve, árvore querida,
É isso que sonho, isso que desejo.

                               Hélio Leite - Jatiúca, 02/11/99


quarta-feira, 27 de julho de 2011

CAVALO E VAQUEIRO

Fotos tiradas na 41ª Missa do Vaqueiro em Serrita/PE

A fé não tem idade...


Não importa se foi uma carraspana
Ou o cansaço por causa da labuta
O vaqueiro vencido pela luta
Faz do seu cavalo uma cabana
O animal fiel não se engana
Faz papel de um forte guardião
E o seu dono deitado no gibão
Estendido em pleno “tabuleiro”
O cavalo é amigo do vaqueiro
Mesmo estando caído sobre o chão.

Miguel Leonardo – Serra Talhada/PE

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O AMOR É UM PÓ FERTILIZANTE ADUBANDO A RAIZ DO CORAÇÃO

(mote de Manoel Filó)

Nem o sol co’a grandeza do seu brilho,
Nem o vento com seu poder estranho
Tem um quarto do quarto do tamanho
Do carinho que a mãe tem pelo filho.
Pra que o mesmo não largue o reto trilho,
O seu gênio de mestra entra em ação:
Mostra a rota do sim, mostra a do não,
Deus te guarde” é a frase mais constante.
O amor é um pó fertilizante
Adubando a raiz do coração.

Dois irmãos que se prezam de verdade,
Com amor verdadeiro de menino,
Se separam por força do destino,
Que de uni-los não mostra ter vontade...
Passam anos e anos de saudade,
Procurando a primeira ocasião
De um irmão abraçar o outro irmão,
Transformando a tristeza em sol brilhante!
O amor é um pó fertilizante
Adubando a raiz do coração.

Um rapaz se apaixona ardentemente
Por alguém que o pai quer que seja freira...
Guarda a foto da musa na carteira,
Pra lembrar seu semblante eternamente.
Só Deus sabe a vontade que ele sente
De estragar essa santa vocação...
Envelhece amargando essa paixão,
Sem jamais esquecê-la um só instante.
O amor é um pó fertilizante
Adubando a raiz do coração.

Um casal que envelhece lado a lado,
Entre risos de netos e bisnetos,
Faz balanço de todos os projetos,
Sorridente devido o resultado.
Já que tudo o que os dois tinham sonhado
Transformara-se em realização,
Do marido a mulher segura a mão,
Dá-lhe um beijo sincero e lhe garante:
O amor é um pó fertilizante
Adubando a raiz do coração.

Dedé Monteiro
Tabira, 1º/08/05 
do livro Outros Retalhos/2011
 

terça-feira, 19 de julho de 2011

O QUE EU MAIS QUERIA...

O que eu mais queria na minha vida
Era ser o teu sonhado marido,
Queria poder te chamar: - Querida!
Queria ouvir me chamares: - Querido!

Porém eu sinto o peito dolorido,
Meu coração geme a cada batida...
Tu não sabes como tenho sofrido
Por não fazer parte da tua vida.

Confesso que por ti tenho chorado
E, mesmo com a solidão ao lado,
Um raio de esperança está brilhando.

E se o tempo te fizer mudar,
E um dia resolveres me aceitar
Tenha certeza, estarei te esperando.

Hélio Leite - 2003

domingo, 17 de julho de 2011

SOBE E DESCE

Um dia, perto da igreja,
Dois violeiros cantaram
Três pessoas colocaram
Quatro notas na bandeja;
Cinco horas nessa peleja,
Seis poemas declamados,
Sete motes bem glosados,
Oito toadas penosas,
Nove canções amorosas,
Dez martelos malcriados.

Dez sujeitos me cercaram,
Nove da manhã, na feira,
Oito armados com peixeira,
Sete deles cochicharam...
Seis, de mim se aproximaram,
Cinco passos recuei,
Quatro brechas encontrei,
Três chances aproveitadas,
Duas pernas preparadas
Uma carreira estiquei.

Um jangadeiro disposto,
Dois jumentos relinchando,
Três vaqueiros aboiando,
Quatro rugas no meu rosto,
Cinco sinais de bom gosto,
Seis pessoas comportadas,
Sete noites estreladas,
Oito terreiros varridos,
Nove trabalhos cumpridos,
Dez palavras inventadas.

Dez mosquitos, dez abelhas,
Nove panelas fervendo,
Oito meninos correndo,
Sete ripas, sete telhas,
Seis camisolas vermelhas,
Cinco mulheres dormindo,
Quatro janelas se abrindo,
Três galos cantarolando,
Duas velas se apagando,
Uma estrela reluzindo.

Um caminho de formigas,
Dois matutos trabalhando,
Três passarinhos cantando,
Quatro bonitas espigas,
Cinco espingardas antigas,
Seis arapucas armadas,
Sete porteiras fechadas,
Oito bodegas sortidas,
Nove jumentas paridas,
Dez peixeiras amoladas.

Dez valentes cangaceiros,
Nove pimentas ardidas,
Oito toalhas floridas,
Sete dias prazenteiros,
Seis amigos verdadeiros,
Cinco bêbados nojentos,
Quatro vigias atentos,
Três candeeiros acesos,
Dois enganadores presos,
Um período de tormentos.

Um cacimbão, um barreiro,
Dois cabritinhos mamando,
Três cachorros acuando
Quatro pintos no terreiro,
Cinco porcos no chiqueiro,
Seis serpentes venenosas,
Sete trilhas perigosas,
Oito ancoretas furadas,
Nove casas assombradas,
Dez violetas cheirosas.

Dez versinhos bem rimados,
Nove noites mal dormidas,
Oito estrofes concluídas,
Sete “pés” metrificados,
Seis livros autografados,
Cinco preces ao Divino,
Quatro sonhos de menino,
Três motivos pra sorrir,
Dois caminhos pra seguir,
Um poeta pequenino.

Hélio Leite

sexta-feira, 15 de julho de 2011

SAUDADE (Acróstico)

Sinto cada vez mais
A tua companhia.
Uma imortal lembrança
Destrói minha alegria.
Aonde quer que eu vá,
Dentro do peito está
Esta atroz nostalgia!

Hélio Leite

quarta-feira, 13 de julho de 2011

MINHA LOUCURA

Eu seria tão feliz
Tendo você ao meu lado,
Porém, vivo infortunado
Porque você não me quis.
Meu coração se maldiz
Por viver sempre cativo.
Há muito tempo que vivo
Tão sozinho a padecer
Se eu tiver que enlouquecer
Que você seja o motivo.

Minha vida é tão sem graça,
Em nada vejo alegria;
Só tenho por companhia
A solidão que me abraça.
Quanto mais o tempo passa
Me sinto diminutivo.
Não encontro um lenitivo
Para alegrar meu viver
Se eu tiver que enlouquecer
Que você seja o motivo.

Hélio Leite

segunda-feira, 11 de julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

O MENINO E O CRENTE


Lá perto da minha casa,
Outro dia eu vi um crente
Interrogando um menino
Que chega a ser meu parente,
Dos que eu só não vi nascer,
E o que tinha pra dizer
Não deixava pra depois…
Eu, de onde vinha não sei,
Mas, sem querer, escutei
A conversa deles dois.
O crente era forasteiro,
Desconhecido no meio
E andava atrás de saber
Onde ficava o Correio.
O menino, muito esperto,
Mostrou o caminho certo,
Ensinou tudo direito.
E o nobre religioso,
Muito calmo e piedoso,
Lhe agradeceu desse jeito:
“Muito obrigado, meu filho!
Deus é bom, muito obrigado!
Eu sou pastor de uma igreja
Logo ali do outro lado.
Quando lá puder passar,
Eu poderei lhe mostrar
A caminhada da luz,
Uma estrada sem espinho,
E lhe ensinar o caminho
Da morada de Jesus!”
O menino, muito ativo
Quando ouviu essa lorota,
Disse: “o senhor tá pensando”
Que eu sou algum idiota?
Já vi que tô muito mole…
Fique calmo, se controle,
Só me faltava essa agora…
Donde diabo o senhor veio?
Não sabe onde é o Correio,
Sabe onde é que Jesus mora!!!
Gonga Monteiro

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quem quiser me matar bote veneno Nesse prato chamado Cantoria

(mote de Marcílio Siqueira e Dedé Monteiro)

A "sextilha" me deixa arrepiado;
Quando o "mote" é bem feito eu corro atrás;
"E o que é que me falta fazer mais?"
Valoriza o humor improvisado;
Valdir Teles é bom no "malcriado",
Moacir Laurentino agrada e cria,
Ivanildo e Geraldo, ave Maria!!!
Continuam mandando no terreno!
Quem quiser me matar bote veneno
Nesse prato chamado Cantoria.

Dedé Monteiro
Tabira, 14/06/2011

domingo, 3 de julho de 2011

POETA DO ABSURDO

Eis aqui alguns versos que constam no livro:
Zé LimeiraPoeta do Absurdo – de Orlando Tejo.

Mote:
QUANTO MAIS CARINHO EU FAÇO
MAIS RECEBO INGRATIDÃO

Glosa:

Eu tinha uma cabra preta
Que quando tava de azeite
Dava dez litros de leite,
Se chamava borboleta.
Sortei uma carrapeta
De guarda-peito e gibão,
O jegue de Damião
Mordeu a porda de Inaço...
Quanto mais carinho eu faço,
Mais recebo ingratidão.

Mote:
DIZ O NOVO TESTAMENTO

Glosas:

O Marechal Floriano
Antes de entrar pra marinha,
Perdeu tudo quanto tinha
Numa aposta com um cigano.
Foi vaqueiro vinte ano,
Fora dez que foi Sargento,
Nunca saiu do convento
Nem pra lavá a corveta,
Pimenta só malagueta,
Diz o novo testamento.

Pedro Álvares Cabral,
Inventô do telefone,
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal.
Mas como tocava mal,
Arranjou dois instrumento;
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três,
Quem tem razão é o freguês,
Diz o novo testamento.

Um dia, Nossa Senhora
Se encontrou com Rui Barbosa,
Tiraro um dedo de prosa,
Voltaro e foro-se imbora.
Judas se enforcou na hora,
Numa corda de cimento,
Butô os filho pra dento,
Foi pra barca de Noel,
Viva a Princesa Izabel,
Diz o novo testamento.

Quando Dom Pedro Segundo
Governou a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e ao mundo,
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento,
Teve um dia um pensamento:
Tudo aquilo era boato,
Oito noves fora quatro,
Diz o novo testamento.

São José de Mipibu
Era o pai de Jesus Cristo,
Mas quando Ele soube disto
Já tava em Caruaru.
O mundo ficou azu,
Começou um pé-de-vento,
São Pedro vem lá de dento,
Correndo atrás duma lebre,
Quem for podre que se quebre,
Diz o novo testamento.

Um dia, Augusto dos Anjo (s),
Junto com São João da Barra,
Foro fazer uma farra
E tivero um desarranjo.
Se encontraro cum marmanjo
Lá perto do Livramento,
Daí sairo pru dento,
Pássaro nas Três Irmãs,
Dormiro em Puxinanãs,
Diz o novo testamento.