Eis aqui alguns versos que constam no livro:
Zé Limeira – Poeta do Absurdo – de Orlando Tejo.
Zé Limeira – Poeta do Absurdo – de Orlando Tejo.
Mote:
QUANTO MAIS CARINHO EU FAÇO
MAIS RECEBO INGRATIDÃO
Glosa:
Eu tinha uma cabra preta
Que quando tava de azeite
Dava dez litros de leite,
Se chamava borboleta.
Sortei uma carrapeta
De guarda-peito e gibão,
O jegue de Damião
Mordeu a porda de Inaço...
Quanto mais carinho eu faço,
Mais recebo ingratidão.
Mote:
DIZ O NOVO TESTAMENTO
Glosas:
O Marechal Floriano
Antes de entrar pra marinha,
Perdeu tudo quanto tinha
Numa aposta com um cigano.
Foi vaqueiro vinte ano,
Fora dez que foi Sargento,
Nunca saiu do convento
Nem pra lavá a corveta,
Pimenta só malagueta,
Diz o novo testamento.
Pedro Álvares Cabral,
Inventô do telefone,
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal.
Mas como tocava mal,
Arranjou dois instrumento;
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três,
Quem tem razão é o freguês,
Diz o novo testamento.
Um dia, Nossa Senhora
Se encontrou com Rui Barbosa,
Tiraro um dedo de prosa,
Voltaro e foro-se imbora.
Judas se enforcou na hora,
Numa corda de cimento,
Butô os filho pra dento,
Foi pra barca de Noel,
Viva a Princesa Izabel,
Diz o novo testamento.
Quando Dom Pedro Segundo
Governou a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e ao mundo,
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento,
Teve um dia um pensamento:
Tudo aquilo era boato,
Oito noves fora quatro,
Diz o novo testamento.
São José de Mipibu
Era o pai de Jesus Cristo,
Mas quando Ele soube disto
Já tava em Caruaru.
O mundo ficou azu,
Começou um pé-de-vento,
São Pedro vem lá de dento,
Correndo atrás duma lebre,
Quem for podre que se quebre,
Diz o novo testamento.
Um dia, Augusto dos Anjo (s),
Junto com São João da Barra,
Foro fazer uma farra
E tivero um desarranjo.
Se encontraro cum marmanjo
Lá perto do Livramento,
Daí sairo pru dento,
Pássaro nas Três Irmãs,
Dormiro em Puxinanãs,
Diz o novo testamento.
Guardo algumas coisas do meu tio Zé Jób, um sujeito muito inteligente, que gostava de cordel e memorizava as poesias antigas.
ResponderExcluirMuitos versos de Zé Limeira eram declamados por ele nas farinhadas do Bonfim.
Lembro bem de um:
Eu sou um cachorro velho
Do sedém todo rapado,
Morri no ano passado,
Mas esse ano eu num morro.
O pedido de Socorro
Abala o meu coração,
O jumento de Sansão
Mordeu a burra de Inaço,
Quanto mais carinho eu faço
Mais recebo ingratidão.
E por aí vai...tenho muitos