(poema matuto)
Dotô eu vortei aqui
Pra vosmicê traduzi
Tudo qui aqui iscreveu,
Pois inté quem sabe lê
Num consiguiu intendê
E o papé me devorveu.
Ocê é intiligente,
Tira coração de gente,
Bota ôtro, faz batê,
Mai eu vô li preguntá:
Cuma pôde se foimá
Sem aprendê iscrevê?
Riscô essa garranchera,
Saí logo nas carrera
Pra meu remeido ir comprá,
O farmacero ispiô,
Munto tempo arreparô
E num sôbe dicifrá.
Quando pegô a receita
Dixe: - que coisa má feita,
Intendê num tem quem possa!
Isso aqui é comparado
Cuns garranchos ispaiado
Quando a gente faz a roça!
Nunca istudei, num sei lê,
Tombém num sei iscrevê,
Má eu falo meu indioma,
São essas as minhas faia
E ocê merece gangaia
No lugá do seu diproma.
Me diga pru gentileza
Pru que é essa safadeza
De iscrevê só desse jeito?
Fique sabeno o sinhô,
Se eu pudesse sê dotô
Eu num tinha esse defeito.
O qui adianta aprendê
Mode dispois num fazê
Do jeito cuma aprendeu?
Pois eu li digo a verdade,
Sua força de vontade
De forma arguma valeu.
Se o dotô sabe iscrevê,
Iscreva qui dê pra lê,
Mostre qui é bem istudado,
Fique o dotô conheceno:
Só faz um erro sabeno
Quem já qué fazê errado!
Hélio Leite - Jatiúca, 27/07/00
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