sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A FILHA DO MEU PATRÃO

Nunca pensei de viver
Do jeito que estou vivendo,
Pois alguém que estou querendo
Eu sei que não posso ter.
Sei que vai me enlouquecer
Esta impossível paixão.
Eu vivo em grande aflição
E não posso fazer nada,
É que minha bela amada
É filha do meu patrão.

Quando ela olha pra mim
É com olhar de desprezo...
Nesta paixão vivo preso,
Que aos poucos me dá fim.
Ó, meu Deus, como é ruim
Viver em submissão!
Cumpro minha obrigação
E de uma coisa estou certo:
Não posso chegar nem perto
Da filha do meu patrão.

Uma grande diferença
Entre nós eu sei que existe.
Eu vivo assim muito triste
Cumprindo a minha sentença.
Perdi meus planos e a crença
Por viver na rejeição,
Pois a minha posição
Pertence à classe ralé,
E a menina que amo é
A filha do meu patrão.

Até me sujeitaria
A viver desta maneira:
Trabalhar a vida inteira,
Sem descansar um só dia,
Qualquer serviço eu faria,
Com toda disposição,
Sem ter remuneração,
Sem de nada reclamar;
Eu só queria ganhar
A filha do meu patrão.

Hélio Leite - 2002

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