(aos garotos desconhecidos deste velhinho)
Os sinos tocam contentes.
Os sinos tocam contentes.
Aí Papai Noel sai
Distribuindo presentes
Como se fosse outro pai.
Durante essa missão sua,
Sobe rua, desce rua,
Sobe morro, morro desce...
Palmilha todo o terreno,
Só meu casebre pequeno
Papai Noel não conhece.
É porque eu não conheço
Onde Papai Noel mora.
Senão o meu endereço
Eu ia enviar-lhe agora.
Escrevia um bilhetinho
Pra lhe contar direitinho
Onde fica o meu chalé.
Se dizem que ele adivinha,
Por que só minha casinha
Ele não sabe onde é?
Quer saber o que se dava
Se papai fosse um ricaço?
Papai Noel não errava
As grades do meu terraço:
Chegava fora de hora,
Rondava a casa por fora,
Pela chaminé descia
E, em silêncio e sorrindo,
Deixava um presente lindo,
Pegava o saco e saía.
Chaminé muito enfeitada
Minha palhoça não tem,
Mas duma lata amassada,
Papai fez uma também.
Mas se o Senhor entender
Que ela não vai lhe caber,
Eu deixo aberta a janela.
Aí se o Senhor cansar
E achar que não deve entrar,
Jogue o presente por ela.
Reclamando desse jeito
Talvez eu esteja errado,
Pois meu mocambo foi feito
Num lugar muito atrasado:
Lá, Papai Noel não passa,
Porque não tem luz, nem praça,
Nem Parque de Diversão...
Esse Papai Noel Nobre
Não liga menino pobre
Que vive de pés no chão.
Mas papai que é mais humano,
Este ano me falou:
“Se Deus quiser, para o ano,
Seu presente eu mesmo dou!”
Papai é papai de fato!
Não é papai de boato
Como esse Noel que atrasa.
Meu papai é tão fiel
Que não tem Papai Noel
Como esse que eu tenho em casa!
Dedé Monteiro
Tabira, Dezembro de 1980
Tabira, Dezembro de 1980
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