sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SETE ANOS SEM AUMENTO

SETE ANOS SEM AUMENTO
NÃO É BRINCADEIRA NÃO

(Greve dos professores)

Sete fevereiros faz,
Segundo informes tranqüilos,
Que um bujão de treze quilos
Custava uns sete reais.
Hoje, é vinte e dois ou mais.
Houve ou não houve inflação?
Faça a pergunta ao fogão
Que ele diz quanto por cento...
Sete anos sem aumento
Não é brincadeira não.

Na bandalheira infernal
Do cenário que eu contemplo,
O gás é só um exemplo,
Pois o desmando é geral.
De barato, além de sal,
Só tem: desculpa, perdão,
Conselho, aperto de mão,
Descaso e constrangimento.
Sete anos sem aumento
Não é brincadeira não.

Aumento sempre acontece.
Sobe tudo todo dia.
O monstro da carestia
Freqüentemente aparece.
Só tem algo que não cresce,
Permanece eterno anão:
O salário que nos dão
No dia do pagamento...
Sete anos sem aumento
Não é brincadeira não.

O “chefe” mandou dizer
Em tom de “benevolência”:
“Mestres, tenham paciência
Que, em março, eu vou resolver...”
Ah coisa ruim de fazer,
Essa conta do patrão!...
Se for multiplicação,
Diminui nosso tormento.
Sete anos sem aumento
Não é brincadeira não.

Não adianta ameaça
Como a que fez no domingo...
Isso não resolve um pingo.
Se quer fazer mais que faça.
Galo é quem canta de graça,
Basta ter milho no chão.
Respeite a educação,
Mostre que tem sentimento.
Sete anos sem aumento
Não é brincadeira não.

Não vá dizer que a escola
É prioridade sua,
Se o professor continua
Recebendo a mesma esmola,
Esmola que descontrola
O motor da vocação,
Porque, sem manutenção,
Motor não faz movimento.
Sete anos sem aumento
Não é brincadeira não.

Sete anos de pobreza
Desencanta o professor,
Sete anos de “terror”
Destrói qualquer fortaleza,
Sete anos de incerteza
Enfraquece a profissão,
Sete anos de opressão
Multiplica o sofrimento,
Sete anos sem aumento
É brincadeira do cão!...

DEDÉ MONTEIRO
Tabira, 25/02/2002

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