terça-feira, 4 de outubro de 2011

DIA INTERNACIONAL DO POETA

Hoje, 04 de outubro, é o Dia Internacional do Poeta.
SER POETA


Ser poeta é sentir a dor alheia
Ter amor para dar mesmo odiado
Saber ver na mulher bonita ou feia
Uma dádiva de Deus, um ser sagrado
Saber ver no sorriso da criança
O futuro do mundo, a esperança
Onde a santa inocência predomina
Contemplar as belezas do espaço
Conduzindo um madeiro a cada passo
Num caminho que a vida nos ensina.

Ser poeta é fitar a natureza
Ver um monte coberto pela neve
Ver o sol inspirar tanta grandeza
Que só mesmo o poeta é quem descreve
Ver a lua com a face cor de prata
Inspirando a mais bela serenata
Sobre a mente do velho menestrel
Ver os colibris lindos que afagam
Rubras pétalas e as vezes se embriagam
Quando bebem do néctar do vergel.

Ser poeta é saber admirar
 A pureza que tem um passarinho
É saber transmitir só no olhar
Gestos meigos de amor e de carinho
Ser poeta é ser verdadeiro lírio
Contentar-se no riso e no martírio
Saber sempre sofrer resignado
Ter em cada palavra um sentimento
Deleitar-se no próprio sofrimento
Se pra isso nasceu predestinado.

Ser poeta é ser verdadeiro porto
Pra quem vaga no mar da desventura
É ser guia, ser luz e ser conforto
Para quem só viaja em noite escura
Ser poeta é saber comunicar
É fazer o incrédulo acreditar
Quanto a mão de Jesus é poderosa
É tirar os tropeços do caminho
Saber dar uma rosa em vez de espinho
A quem deu-lhe um espinho em vez de rosa.

Ser poeta é saber que a vida é boa
Que o desânimo não passa de doença
Porque todo infeliz que vive à-toa
Inocula o micróbio da descrença
Ser poeta não é ter fanatismo
É ter força, coragem, otimismo
Sorrir indiferente à tempestade
Tratar o semelhante sem rancor
Espalhando as sementes do amor
Para um dia colher felicidade.

Ser poeta é unir-se ao murmúrio
Da brisa que traz cheiro de mato
E depois em silêncio em seu tugúrio
Descrever a beleza de um regato
Despertar cheio de contentamento
Com a música dos pássaros no momento
Que o escuro de nós se distancia
É cantar imitando a passarada
Vendo a crista do morro ensanguentada
Pêlos raios do sol de um novo dia.

Ser poeta é ser mais que apaixonado
Condoer-se da sorte de um mendigo
Dar a mão ao menor desamparado
Como seja o seu mais prezado amigo
Saber ver com respeito a mãe solteira
Meditar que não foi ela a primeira
A cair nos fracassos dessa vida
É não crer na mentira dita a esmo
Corrigir os defeitos de si mesmo
Pra poder caminhar de fronte erguida.

Ser poeta é fitar o campo lindo
Quando o sol aparece no nascente
Uma flor, em botão, outra se abrindo
Tudo isso parece sorridente
Um poeta a chorar jamais se nega
Se debruça no túmulo de um colega
E verte um pranto dos mais sentimentais
Ser poeta é mostrar num só momento
Uma lágrima, um sorriso, um sentimento
Ser poeta é só isso e nada mais.

Otávio Maia - do livro Alvorada das Musas 
Págs. 7 e 8

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