sexta-feira, 14 de outubro de 2011

LADRÃO BARATO


Muita coisa interessante
Em Jatiúca se passa.
O que vou contar agora
O leitor vai achar graça,
Pois um sujeito qualquer
Roubou de certa mulher
O seu litro de cachaça.

Ele chegou de mansinho
E na casa dela entrou,
Palestrando com a mesma
Que de nada suspeitou.
Ela foi ver o fogão
E foi esta ocasião
Que o malandro aproveitou.

Quando ele se viu sozinho
E o litro em cima da mesa,
Não perdeu um só segundo,
Usou da sua esperteza,
Correu pra o sítio Santana,
Pois sua sede de cana
Era grande com certeza.

A mulher chegou na sala,
Num instante percebeu
Que seu litro não estava,
Atrás do cabra correu,
Mas ele foi muito esperto,
Não estava mais por perto,
Logo desapareceu.

A velha ficou valente,
Fez um grande espalhafato,
Dizendo: - na minha pinga
Ele deu bote de gato...
Eu vou sair atrás dele
E na hora que eu pegar ele
Não terá perdão, eu mato!

E correu feito uma louca
Até a rua do Oiti,
Gritando desesperada:
“Lá vai o ladrão ali!
Não agüento correr mais
Vai fulano corre atrás
Que fico esperando aqui.”

Um rapaz que ali estava
Sentiu pena da coitada,
Montou numa bicicleta
E saiu em disparada
E logo que ele alcançou
Desta maneira falou:
“Pare aí meu camarada!”

O sujeito quando ouviu
Parou e não disse nada,
O rapaz disse: - “colega,
A mulher está zangada
Pediu para eu lhe pegar,
Mas basta você deixar
Eu tomar uma bicada.”

Bebeu uma caprichada,
Do cabra se despediu,
Voltou muito satisfeito
E quando a coitada o viu
Correu ao encontro dele,
Disse o rapaz: - “Não vi ele,
Essa altura já sumiu.”

“Ladrão” de litro de pinga
É “barato” até demais,
Se um gostava de beber
O outro gostava bem mais.
Neste fato relatado
Eu mostrei que o viciado
De qualquer coisa é capaz!

Hélio Leite
Jatiúca, 13/04/00

Nenhum comentário:

Postar um comentário