O mestre Dedé Monteiro declama
Nunca deixei de beber...
E vou me acabar bebendo,
Embora passem fazendo
PELO SINAL.
Nos dias de carnaval,
Eu bebo por oito ou dez...
Depois vou cair nos pés
DA SANTA CRUZ.
Nós sabemos que a Jesus
O vinho fazia bem...
De não bebê-lo também
LIVRAI-NOS DEUS.
Se o próprio Rei dos Judeus
Bebia de vez em quando,
Eu morrer imitando
NOSSO SENHOR.
Só quem bebe por amor
Sabe o valor da cachaça...
Os outros não são da raça
DOS NOSSOS.
Precisando, eu vendo os troços,
Bebo o tutu de montilla,
Embora arranje, de fila,
INIMIGOS.
E se eu me vejo a perigos,
Sem ter no bolso um cruzado,
Eu bebo e deixo fiado
EM NOME DO PAI.
Toda missa que mãe vai,
Pra que eu deixe ela faz prece,
Porque a mãe nunca esquece
DO FILHO.
Mas eu quando vejo o brilho
D´uma garrafa de alguém,
Não ouço conselhos nem
DO ESPÍRITO SANTO!
E no dia que eu levanto
Tremendo feito um sacana,
Curo a ressaca é com cana,
AMÉM!
Dedé Monteiro –Tabira - 1971
do livro: Retalhos do Pajeú
Nenhum comentário:
Postar um comentário