domingo, 26 de setembro de 2010

Um Mote - Três Glosas

SÃO OS SONS QUE NINGUÉM PODE ESQUECER
SE JÁ FOI RESIDENTE NO SERTÃO

Ainda sinto bem forte em meu ouvido
O martelo tinindo do ferreiro,
O cantar do rei galo no poleiro
E o jegue rinchando co’alarido.
Foguetório gerando um estampido
Numa noite animada de São João,
Passarinhos fazendo saudação
No horário do dia amanhecer,
São os sons que ninguém pode esquecer
Se já foi residente no Sertão.

Miguel Leonardo

O latido amistoso de um "jupi",
Vira-lata raçudo sem ter raça,
Uma banda de pífanos na praça,
O penoso cartar da juriti,
Um boaito saindo do jequi
E um vaqueiro a pegá-lo pela mão,
O estrondo redondo do trovão
Avisando que em breve vai chover,
São os sons que ninguém pode esquecer
Se já foi residente no sertão.

Dedé Monteiro

Minha mente inda tem tudo gravado:
O zumbido constante das abelhas,
O balido agradável das ovelhas
Retornando à tardinha pro cercado,
O barulho da chuva no telhado,
O batuque animado do pilão,
O piado que faz um bom pião
E o meu carro de boi sempre a gemer...
São os sons que ninguém pode esquecer
Se já foi residente no sertão.

Hélio Leite

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